segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ó Vida


Vida que amargurece e decai

Transcende-se  a completar-se e por um momento, se vai
Entristece pela dramaturgia, tão coagida, que se floresce
Que enaltece às tuas melancolias
Então madurece, apodrece se engrandece, e por delongas
Cai.


Teu alimento é tua emoção
Como um ávido órfão sem irmãos
Como um mártir sem fé de coração
A Vida toma toda angústia e surta como montanha russa
Se aproveita da carapuça que te veste sem as mãos

A Vida destrói ingratidão
Sorri para a desgraça
Corta tuas asas, mas sem deixar-te cair ao chão

A Vida penumbra teu sonho,
Suga o âmago da felicidade,

Esta Vida é o semblante de quem tem coração.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Haverão dias

Haverão esses dias, que me lembrarão dos melhores dias
Que esses dias serão lembrados como dias para se lembrar dos melhores dias
E lembramos desses dias como grandes dias, pois com pequenos dias
Damos continuidade aos grandes dias

Haverão esses dias
Que serão sufocados por não serem grandes dias
E nesses dias, os dias serão sufocados porque sufocamos os dias
Que poderiam ser grandes dias

Haverão esses dias
Que pensemos que talvez não haverão dias
Que desses tais dias poderão ser grandes dias
E que nos grandes dias, viveremos pelos dias que não houveram

Haverão dias, que serão grandes dias
Que venham apenas os dias, então.

Além do Racional.

terça-feira, 11 de março de 2014

Que não vai embora

Sob o céu nublado, esvairado pelo negro chamando chuva, eu a disse, deitado na grama pouco cuidada escassa de flores bem arranjadas:



- Está vendo?
- O que está vendo?

- Que mesmo se fechar os olhos, ainda estamos aqui.
- Que mesmo se eu for embora, amanhã vou te ver de novo.
- Que isso é real.

Então a abracei, como um abraço de despedida, mesmo que não houver despedida.
A abracei como se abraça aquilo que nunca quer se perder, que não quer se soltar mais.

Um novo mundo onde não há intenção de embora
Num caminho que mal entristece que mal se afoga
Que espera um novo dia para viver o agora,
Que não há despedida, apenas amor sem hora.

Gabriellen Ramires <3

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

...


Em um corredor, de uma casa qualquer
Abundante a luz, opacada pelo nevoeiro
Meia dúzia de esquadrias com abóbodas circulares no superior, ao que me parecia
A que reluzia, um candelabro, para iluminar quando ausente a luz do dia
Por mais que andasse, encantada pela pouca brisa
O fim do corredor, no fim do horizonte não existia
Tateava o áspero mármore, dançando ao som técnico mozartiano

Pulava no maciço assoalho que pouco ruía
Pelas calmas pisadas precisionadas surtia

Dançava, sem rumo
Sem o tumulto da existência
Sem chorar a melancolia
Sem perpetuar a pouca tempestade
Que ali, jazia...

Dance, menina.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Morte Improcedente - Meu Soneto II


Respirando,

(...)

Ao descompasso de cada máximo surtido
De cada semblante
Cautelosamente, sucumbido a ficar
Escondido

(...)

Respirando,

(...)

Tramei a sensação do perigo
Desesperadamente,
Soltei em demasia
A cada som, metonímias
Dissonantes harmonicamente síncronas
Ao meu sentido

(...)

Respirando,
Dei veto a minha fala
E assim tão lindamente
Acariciei todo a qual
Aponta a ti, minha cara

(...)

E respirando

(...)

(...)

Palpita, a cada nova descoberta, que
Assombrosamente,
Toma minha mortal vontade, inata de ceder
Minha nobre paixão, insensata


Para então sorrir, benevolente


(...)

Não mais respirei,
Como no vácuo esvaeceu-se o som
Como a luz que se toma pela escuridão
Eu perdi, a tudo que se ama
se cria, se manifesta
Que assim, se vai, em vão.

domingo, 3 de novembro de 2013

Meu Soneto I

Que não me dera
A insípida verdade amarela
Que expele o féu oriundo do podre
que sou às do podre, do fétido valor que primo, do valor que me zela
Da árdua prepotência que flui com pressa

Que não desdém a mísera causa
Que perjuro, frente a frente em pausa em pausa
Que terno é silêncio
E em silêncio está a morte, e como a morte, eu sumo.

Que morreis todos os dias
Por incessante e inconsequente,
Te achei, por hora caluniosa, tão bela, tão formosa
Direcionou-me na vertente do sentido, a parte que me adverte de ser defensor

Que nos meandros de  mentiras tão boas
Eu não busco nesses recônditos a melhor verdade, mas quem mente melhor.

domingo, 6 de outubro de 2013

Serotonina em versos

Para que soe a vitória não inata
Do fruto coeso, paixão sensata
Do esforço caótico, da estapafúrdia humana, tão ingrata

Que se perde em caminhos longos, não tão unidos ou presos
Que presta a desmentir, a soberana luta em peso

Que em louvor até de prantos, hei de espalhar.
Do abstrato tresloucado
Ao pecado de um santo

Se não me resta questionar o alicerce dessa história
Cair do íngreme trajeto da escória
Já não era hora,
Vivo da indagação às mais míseras memórias
Do tampouco proveito, que cai em conceitos
Por ser um troféu estupendamente suspeito

Mas sem a ousadia para essa tentação
Jaz o mártir da vitória.